o lado B da web 2.0: idade pesa

quando eu era garoto tinha uma canção da elis, “velha roupa colorida” que dizia:


No presente a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais

mas havia outra também, “como nossos pais” (ambas do Belchior, acho), que dizia:

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais

essas canções tem 30 anos mas acho que ainda estão valendo: cada geração nova inova… mas também repete, também reincide nas mesmas armadilhas de sempre, que é descartar o que parece velho (e muitas vezes não é) e abraçar o revolucionário (que muitas vezes tb não é)
ouça uma reflexão nova de alguém não tão novo e que descobriu que, como dizia outra canção da Elis, não confie em ninguém com mais de 30 anos

o lado B da web 2.0: expressar x formar

ainda estou digerindo devagarinho a transformação meio acidentada do radinho de uma lista de emails para um ambiente online no Ning e, graças a um podcast que ouvi por acaso hoje, me caiu uma ficha interessante: enquanto eu sempre acreditei que a maneira como um ambiente é construído e conduzido “forma”, “educa” quem o utiliza (e por isso o radinho tinha um certo protocolo), estamos hoje numa era onde o lema é “expressar-se”. pode parecer sutil, mas focar apenas na “expressão” pressupõe e implica muita coisa.
ouça uma crítica meio anacrônica, meio vanguardista sobre essa idéia meio revolucionária, meio retrógrada de que tecnologia é só um meio para a expressão sem peias

a regra da web 2.0: me engana que eu gosto

eu vivo só. de manhã ligo o rádio na CBN, em parte para ouvir notícias, em parte por me sentir rodeado de pessoas que já fazem parte da minha vida.
eles me conhecem? não. estão falando comigo? não. mas a ilusão é bem-vinda.
novelas também são assim: elas entram “de graça” nas nossas casas e passam a fazer parte da nossa vida caseira. os personagens são mais reais que os atores.
e comunidades online, até que ponto não se parecem com isso? quantos de nós não “sintonizamos” listas apenas para ouvir o zunzunzum todo dia? e aqueles que efetivamente interagem, até que ponto estão realmente “conversando”, já que email não é conversa, mas solilóquio com direito a réplica? se eu nunca vi meu interlocutor digital, quem me garante que não estou fantasiando sobre quem e como e por quê ele é?
em suma: a tecnologia avançou mas talvez estejamos cada vez mais reféns da nossa imaginação, cada vez mais expostos a quimeras e fantasmas, cada vez mais sujeitos a paixões vazias. em suma: pense duas vezes. reveja. e, por favor, ouça e passe adiante e comente e divulgue o que talvez seja minha reflexão mais importante nos últimos tempos